28/11/2009

Hoje a noite está fria meu amor.
Está tão fria que te não sinto nas mãos. Que te não vejo na pele. Que te não tenho no dormir.
Hoje o meu corpo não está só porque está em ti. Dentro de quem tu és. Amor de mim.
Ambos sabemos que o inverno já não vai chegar ao fim. Choverá todos os dias que faltam da nossa vida. Choverá todas as noites. Indefinidamente. Como se nunca mais fosse possível não haver chuva. Sem até quando possível.
Haverá dilúvios e tempestades. Ventos e saudades.
Quando me tocares, meu amor, não sentirás nada mais do que o que tu és. Não saberás nada além do que já conhecias de olhos fechados e saberás reconhecer que isso será tudo o que basta para compreenderes o que resto que está por chegar.
Quando olhares para mim, meu amor, de olhos fechados na noite fria, verás um rio inteiro mergulhado no vazio. Encontrar-me-às, naufrago, a tentar chegar até ti, a tentar tocar-te na pele com a verdade. E poderás reconhecer-te, meu amor, como o lugar em que eu posso, finalmente, terminar.

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