23/07/2013

@


Quanto mais a corda do tempo se estica e se dilata, maior é a lucidez do lugar nunca ter sido diferente donde fomos para sermos - morremos novos demais e velhos de menos – e será nesta redoma que me diluo e - talvez - eu seja mais eu do que eu.

18/07/2013

twelve


Conto os anos que passam sobre a pele dos dedos e já não chegam. Nas mãos o tempo já passou vezes demais. Anos demais.
Há 12 anos que te guardo no medo de te poder perder. Não te posso, nunca, perder.

07/07/2013

longE

Foram os anos que sobre nós passaram
todos estes anos.
Estamos na esquina de um largo da cidade
e cessamos de respirar.
uma apneia para nos sabermos reconhecidamente ali,
naquele lugar,
tão infinitamente longe.

06/07/2013

fuga


Não há nenhum lugar para onde se possa fugir quando não se sabe onde se está. Se não sabes onde estás não podes saber, nunca, para onde vais. Assim, não podes saber por onde passar para te esqueceres que existes, pelo menos por um momento.

E se não consegues esquecer-te que existes, não consegues esquecer-te de quem és. E se te reconheces em ti sem te saberes bem no lugar que ocupas, o mundo enfraquece em todo o seu sentido.

Não esperes que eu saiba voltar ao lugar em que estávamos antes de chegar aqui. Já não sei o caminho de volta porque me esqueci de tentar lembrar. Nem tu nem eu podemos fugir. Eu de mim. Tu de ti. Eu de ti.

Não podemos mais fugir porque nenhuma de nós sabe onde está. Não há luz nenhuma aqui.

vidRo

é como se partisses tudo em que tocas
como se todas as peças de todos os gestos
fossem meros restos de vidro
como que pisados
como que esmagados

tudo em que tocas desfaz-se perante o olhar meu que te olha
por mais que tente compreender a que lugar pertence cada fragamento,
não consigo
como se fosse um puzzle incompleto a que
infinitamente,
faltará sempre
pelo menos,
uma peça


caminho com as mãos descalças sobre os vidros de ti
rasgado a carne da pele para me saber
a quase morrer.