Juro que sou fiel
à tua ausência
ao teu silêncio
a todas as formas como te libertas dos correntes da minha férrea existência.
Juro que permanecerei em silêncio enquanto
teu grito me despir
tua boca me esquecer
tua voz me abandonar agrilhoada nas palavras sem sangue.
Despe-me
vou virar-me de costas
deixar que se esbata o que permanece depois das marcas da tinta ocre sobre as linhas de chuva de um qualquer pincel já deixado pelo tempo
pois não irá sobrar mais do que um esquiço rude da forma que me definia na linha das tuas mãos antes de me teres deixado parado no caminho.
Juro que sou fiel ao silêncio que fica por dentro da inevitabilidade da ausência de ti
enquanto as palavras pintadas de uma oração que se acorrentou ao grito que guardo dentro da boca me dançam na insanidade de se não poder ser mais do que esta ténue linha ressequida nas mãos de ferrugem onde antes havia cabido o mar inteiro.