04/12/2012


Encontro-te no resto do carvão que guardo nas pontas dos dedos. Estive a desenhar-te na chuva enquanto esquecia a imagem de ti. Estive a ver-te caído entre as letras, entre as palavras das páginas esquecidas entre gavetas e as estantes perdidas nas ruas que te levaram para longe de ti.

Guardo-te no carvão dos dedos enquanto te escrevo no desenho do ar. Sopro o pó negro da pele sobre o papel arrefecido pelo cheiro da chuva e é o que eras que aparece escrito.

És as palavras todas que estão por dizer, por escrever, por saber. És o que falta acontecer em ti e fechas os olhos de carvão enquanto a chuva cai. Talvez possas perder o medo de ti e te reencontres nas ruas sem teres de olhar para trás.

Talvez te (re)escrevas com o carvão dos olhos na pele dos dedos e (re)saibas desenhar-te caído sobre as páginas de ti.