13/05/2018

és poema que nasce 
e desaparece

que se faz
e me desfaz

que começa no lugar exacto
em que tudo pode terminar

e que termina no momento
em que a chuva cessa de chorar.

beAst

Sento-me no silêncio escuro a ouvir a besta que respira dentro de mim.
como um lobo ensandecido. como um demónio.
como uma tempestade em que navego até me afundar por dentro.
Sento-me no escuro a mergulhar por dentro do silêncio até que nada aconteça dentro de mim.
Choro em silêncio o mar inteiro onde naufrago 
em silêncio. por dentro. no escuro. 
a tentar silenciar a besta que vive em mim e me dilacera sem piedade.

pRantO

é meu pranto que o sal das ondas esconde quando a praia inteira está a arder.
estou a arder.
por dentro.
a chegar às cinzas.
de novo.
perdi-me no caminho. 
de novo.
agora ardo como se morresse, choro como se me desvanecesse em sal, canto como se fosse hoje
a última vez.