toco nas margens deste rio como se te tocasse nas asas.
repito teu nome em silêncio. em segredo. para que ninguém possa, jamais,
saber por onde espero.
sinto a ponta de minhas asas já queimadas do fogo de ter já sido.
poderei voltar a voar?
toco-te nas margens de ti até saber o rio.
meço a distância que separa a terra e a água,
água e horizonte,
horizonte e eteriedade.
sinto meu corpo abandonar o lugar e ser apenas tempo.
caminho a arrastar as asas cansadas mas não desisto de seguir.
em frente.
em direcção de ti.
seguindo na linha que me separa do horizonte de ser o que está para além
de mim.
toco-te nas asas.
é aí que reconheço a margem certa do rio que desagua
em mim.