são os ventos do deserto a sul, que embalam a noite de hoje.
o céu reveste-se de cores que nenhum poema pode saber descrever.
talvez seja silêncio o que repousa dentro do ruído que as hordas de areia desfazem nas melodias do pó.
a noite aquece enquanto demora passar. o tempo a não ser mais do que o que medeia o lugar das arestas do deserto e as arestas de ti.
são os ventos que trazem o aroma a jasmim aberto sobre a esperança do sol que emerge da possibilidade do amanhecer.
és tu o céu que regressa a casa, que calcorreia o chão descalço a sentir a areia fina a entranhar a pele e a descobrir as flores brancas que inebriam o ar pesado com que a noite se enlaça.
talvez seja um ruído demasiado intenso o lugar de ambivalência que te habita na orla do deserto que é inteiramente silêncio em ti.
ou talvez estejas, somente, a partir com o vento que se desfaz no poema de areia num deserto de abandono.