Deslizo
pela viagem de tua voz
até perder o norte.
Desfaço-me
na memória da tua pele
antes de atravessar o sul do deserto que acaba
precisamente
antes do lugar de mim.
Há um negrume que se instala no azul do céu de uma tarde cansada. Anuncia a certeza de que a chuva regressa, em breve. As gaivotas choram o canto dos abandonados enquanto esvoaçam, erráticas, desamparadas, num rasto de um qualquer caminho...para terra, ou para o mar? Debatem- se com a incerteza segura de que a vida é uma escolha permanente e que, por fim, termina na causalidade escolhida. Em cinza. Ou em abismo.
Penso em ti enquanto caminho o chão de areia. Talvez seja a água que choras de dentro da pele, aquilo que te tenha transformado os pés em barro.