25/09/2021

És feito de água

e escorres, 

por dentro do ruído do teu silêncio, 

tão lentamente, 

mas tão precipitadamente,

que nenhuma mão aberta

nem nenhuma mão fechada, 

te poderia, 

vez alguma,

segurar. 

24/09/2021

sinto que 

se parar de me mover

o mundo inteiro cessa

e eu não voltarei a andar

Deparo-me com o crepúsculo que descende de um lugar que ninguém sabe onde começa e que traz o anúncio de uma noite que se prevê de um breu intransponível.

Conto os dedos das mãos para me recordar do teu toque. A perfeição de teus lábios a dizerem meu nome deitados sobre a minha pele desfeita pela angústia que se esconde dentro do oceano.

Deixei que teu olhar me sussurrasse a certeza do que existe no preciso momento em que pronuncias o meu nome e me tocas com a profunda honestidade do que resta dentro de tua alma.

Conta-me uma história para eu adormecer na espera que me desfaz enquanto espero que voltes a entrar pelo cinzento que se abate sobre o portão desta casa triste e que anuncia o começo de mais outra noite de vigília. 

09/09/2021

a cidade começa a cheirar à doce melancolia do outono já anunciado no princípio de cada uma das noites em que a chuva lava as feridas da terra.