10/05/2016


Escrevo sobre linhas invisíveis na esperança de que as letras não desapareçam na tinta.

Invade-me uma tristeza infinita coberta de tons azuis.  Sinto a dor a dilacerar-me o peito por dentro e as vísceras a sangrar. Doí-me tudo, inteiramente, como nunca antes.

Imagino o que o vento trará na maré que vai chegar e tremo na imensidão da minha angústia.

Choro em silêncio o segredo da solidão antiga. Desfaço-me num mar de lágrimas e quase me deixo ir na vaga.

Peço-te que não me deixes agora senão perder-me-ei. Peço-te que não me deixes cair agora pois temo não voltar a erguer-me.

Olho para o que fica de frente com um olhar de quem já tudo viu. Permito que o passado descanse sobre um sono antigo.

Inalo o cheiro da terra depois da chuva e procuro os resquícios do mar na minha pele.

Respiro fundo e encontro as palavras na tinta da terra. Procuro reencontrar o respirar enquanto sigo em frente.