12/11/2013

Segura-te bem. Isto é o começo do fim. Todas as linhas de aço que te seguram estão já corroídas do tempo e da chuva que não chegou, nunca, a cessar. Segura-te bem. O fim é o momento que vem depois de agora.
Não precisas temer nada do que possa vir. Não vai ser muito diferente do que viveste até aqui. Não vais questionar. Não vais querer mais. Vai ser tudo igual.
O mesmo cubo de onde não vais, nunca, chegar a aprender a sair. Paredes que nunca vais aprender a deitar abaixo. Portas que nunca vais aprender a abrir. Tectos que nunca pintaste de mais nenhuma cor que não o mais negro dos negros que a noite pode ter.  
Segura-te bem. Os fios estão a estilhaçar o que resta do tempo que falta. Um. Dois. Mais um.
Tudo termina muito em breve. Segura-te bem.

Não te consigo ouvir. Escutar cada movimento teu é uma parte de mim que morre em agonia. Não tenho para onde fugir nem sequer já tenho a força que precisava para o fazer. Perdoa-me.

Não me consigo mover desta cadeira. Respiro lenta e brevemente. Não tenho a certeza de estar vivo. Só o caos me atravessa em chicotes improváveis. E mais nada posso tolerar depois de hoje.