tira-me da roupa,
amor.
despe-me até eu ficar desprovido de tudo o que me é em demasia.
roda em torno de mim até que a fúria da vida se encha inteira de minha mansidão e aprenda a parar.
preenche-me de noite. depois vaza-me até caber o dia inteiro dentro das ruas que são teus olhos e o meu sonho.
descobre-me,
amor,
até que reste pouco
que meu tempo já está surdo e quase, mesmo quase, a chegar ao seu fim.
seu eu morrer,
amor,
segura-me na alma,
respira-me na ausência,
despede-te de mim em risos e melodias,
leva meu corpo por dentro da tua memória até que só sobre o pó e eu permaneça inteiro do lado que fica aquém do conflito do momento que me fez saber a verdade do mundo.
tira-me de dentro de mim,
amor,
e faz-me livre enquanto beijas a minha vida.