22/04/2020

se eu pudesse escolher

se me fosse dada a possibilidade de escolher entre o céu e o inferno, hoje escolhia o inferno
escolhia deixar-me queimar até ao último fôlego, 
decidia permitir-me rasgar até ao ultimo milímetro de pele
deixava-me dançar nua até perder o controlo
perdoava a minha incerteza e caminhava descalça até cair desfeita em cinzas.

se eu pudesse escolher entre o feio e belo, hoje escolhia o feio
deixava-me corromper até não sobrar nada da minha alma
permitia-me aniquilar até não ser mais do que pó ao abandono da chuva de abril
pintava-me de cinzento até desaparecer por completo por dentro da náusea do mundo
desfazia-me de tudo e deixava só o erro

se me fosse possível escolher entre eu e tu, escolhia o eu
deixava-me caminhar as estradas da minha ilusão
desfazer-me em lágrimas surdas até me ouvir cantar
entregar-me ao prazer infinito da ausência de critica
deixar-me vestir de pecado e caminhar pelas páginas do teu livro

se me fosse dada a liberdade de escolher, 
escolhia chegar cada vez mais próximo de ti
enquanto me afastava.


Sem comentários:

Enviar um comentário