pesa-me o corpo submerso no peso do dia.
sento-me sobre a beira da janela à espera,
pacientemente,
que a noite passe.
não a oiço no silêncio que faz por dentro de mim. não a vejo na imagem que tenho dentro de ti.
não a oiço no silêncio que faz por dentro de mim. não a vejo na imagem que tenho dentro de ti.
deito-me de costas no chão de madeira fina e espero que o pó me cubra.
sinto teus dedos tocarem minha pele, tão leves como se fossem palavras que se dizem no vento que chega antes das marés de Setembro.
imagino-te deitado a meu lado, como se fosses o prolongamento de meu corpo. como se fosses a continuidade da minha certeza incerta. como se pudesses ser uma frase solta num poema aberto.
sinto como aqueces o pulsar do sangue que quase morria em mim e como o meu corpo começa a dançar submetido à tua devassidão.
ou será a tua devastação?
ou será a tua devastação?
espero o momento exacto em que começas a cantar-me ao ouvido.
tua voz pousada sobre minha nuca,
tua melodia a descer-me sobre a pele das costas,
tuas mãos a desertarem por dentro da minha alma despida.
tudo o que acontece aqui, fica sob o peso da noite que espera,
pacientemente,
que uma janela se feche.
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