31/03/2021

são os ventos do deserto a sul, que embalam a noite de hoje. 

o céu reveste-se de cores que nenhum poema pode saber descrever.

talvez seja silêncio o que repousa dentro do ruído que as hordas de areia desfazem nas melodias do pó. 

a noite aquece enquanto demora passar. o tempo a não ser mais do que o que medeia o lugar das arestas do deserto e as arestas de ti.

são os ventos que trazem o aroma a jasmim aberto sobre a esperança do sol que emerge da possibilidade do amanhecer.

és tu o céu que regressa a casa, que calcorreia o chão descalço a sentir a areia fina a entranhar a pele e a descobrir as flores brancas que inebriam o ar pesado com que a noite se enlaça. 

talvez seja um ruído demasiado intenso o lugar de ambivalência que te habita na orla do deserto que é inteiramente silêncio em ti. 

ou talvez estejas, somente, a partir com o vento que se desfaz no poema de areia num deserto de abandono.

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