02/04/2019

mAlaCh

toco nas margens deste rio como se te tocasse nas asas. 
repito teu nome em silêncio. em segredo. para que ninguém possa, jamais, 
saber por onde espero. 
sinto a ponta de minhas asas já queimadas do fogo de ter já sido. 
poderei voltar a voar?
toco-te nas margens de ti até saber o rio. 
meço a distância que separa a terra e a água, 
água e horizonte,
    horizonte e eteriedade. 
sinto meu corpo abandonar o lugar e ser apenas tempo.
caminho a arrastar as asas cansadas mas não desisto de seguir. 
em frente. 
em direcção de ti. 
seguindo na linha que me separa do horizonte de ser o que está para além 
de mim. 
toco-te nas asas.
é aí que reconheço a margem certa do rio que desagua 
em mim.  

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