17/11/2009

Da realidade

Há qualquer coisa na realidade que acusa, que adverte, que do funda da existência eleva-se acima de si e abaixo de si, envolvendo-se num manto terrível de dúvida e de olhar fundo, reversível ou intransigente, revelando escondendo um porvir disperso, estendido de lés-a-lés no horizonte, no lusco-fusco que mostra e esconde a sua claridade, deixando-se suspensa na antecipação – sabida e ignorada –, numa espécie de crueldade querida, amada, saboreada e regozijada no vómito de nenhures para este aqui, presente, indolente, premente de ser um porvir inacabado, sempre à janela daquele navio que está no cais e não se sabe no alto mar.



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