02/11/2009

circulo

Pego no tempo e desenho o círculo.
Pego no círculo e escrevo o caminho.
E nos traços das palavras a incerteza da ausência de um qualquer olhar por ter sido tempo.
E o desenho a ser caminho no qual o círculo se aperta. Já não uma circunferência. Já não um raio de expansão. Agora um cerco qual inevitabilidade tornada espaço encerrado sobre si mesmo.
No corpo a incerteza da vertigem.
Para quando o equilíbrio? Para quando a vontade desfeita no retornar?
Agora o cerco a ser fogo nos aros. E o fogo a ser o espelho de um quase ter sido quase.
Podia ter esperado para ver as cinzas mas o corpo a sentir tudo. No estalar da pele o grito do passado a defender o inimigo.
O fogo nos aros a ser o fogo nos olhos. Tudo arde por dentro no fim das coisas todas. E as coisas por terem chegado a ser.
A demanda como porto de abrigo onde não há barcos atracados, onde não há água, onde o vento sem ter tido lugar permitido, assola todos os pequenos fragmentos.
A areia a ser o sepulcro.
O sepulcro a ser-me nas cinzas do corpo deixado à deriva.
Ontem. Ontem. Um dia antes do nada e a inevitabilidade da queda.
Deixo cair o tempo e rasgo o círculo. E no rasgo a certeza do espaço por ser saída. Por ser recomeço. Por ser um novo qualquer ser.
E hoje a deixar de ser ontem porque o ontem deixa de ter significado.
Hoje a ser o único lugar da crença e a ser espaço sagrado.
Agora a areia a ser lugar morno para repousar os pés. Agora já não as cinzas. Agora tudo é Fénix.
Hoje como o dia em que tudo retorna ao seu lugar e onde as coisas por terem sido começam a ser.

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