10/07/2015

O mundo é um lugar reservado às coisas que nunca terminam. Podemos avançar ou recuar, mas nada chega, verdadeiramente, a terminar. Há um recomeçar constante. Um ciclo em permanência. Uma viagem em torno de todos os lugares da terra. Por isso podes chegar mais perto. Podemos mover-nos juntos, em simultâneo, no mesmo lugar do tempo. Usar o mesmo momento, o mesmo espaço, existir como se fossemos apenas um. Chega mais perto. Preciso respirar. Tu ensinas-me a respirar quando existes aqui. Não tenhas medo, é só um pouco mais perto. Assim eu respiro. Assim eu sobrevivo. Aí. Podes esperar exactamente aí. A manhã pode demorar a chegar e assim pelo menos não nos sabemos tão absolutamente sós. O fumo cerca-nos como se não fosse mais possível respirar na infinidade da noite. Pode alguma coisa mudar enquanto atravessamos a parte escura da noite? Podemos ser nós mesmos perante a imensidão da vulnerabilidade de estarmos aqui, absolutamente desprovidos de corpo e de asas? Talvez juntos seja possível conseguir. Talvez se nos mantivermos juntos, a manhã chegue e seja possível descansar sem medo. Se tudo no mundo está em permanente movimento, vou segurar tudo na ponta dos dedos enquanto danço. Vou segurar-te inteiro nos braços enquanto canto. Vou segurar-me inteiro na desordem enquanto respiro. E se as nossas asas se encontrarem, no mesmo lugar do tempo, vamos reconhecer os sinais, saber os passos do caminho e vamos poder avançar, sem ter medo, sem estarmos tão sós, a caber um mundo inteiro dentro do nosso abraço.

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