O mundo é um lugar reservado às
coisas que nunca terminam. Podemos avançar ou recuar, mas nada chega,
verdadeiramente, a terminar. Há um recomeçar constante. Um ciclo em
permanência. Uma viagem em torno de todos os lugares da terra. Por isso podes chegar
mais perto. Podemos mover-nos juntos, em simultâneo, no mesmo lugar do tempo. Usar
o mesmo momento, o mesmo espaço, existir como se fossemos apenas um. Chega mais
perto. Preciso respirar. Tu ensinas-me a respirar quando existes aqui. Não
tenhas medo, é só um pouco mais perto. Assim eu respiro. Assim eu sobrevivo. Aí.
Podes esperar exactamente aí. A manhã pode demorar a chegar e assim pelo menos
não nos sabemos tão absolutamente sós. O fumo cerca-nos como se não fosse mais
possível respirar na infinidade da noite. Pode alguma coisa mudar enquanto
atravessamos a parte escura da noite? Podemos ser nós mesmos perante a imensidão
da vulnerabilidade de estarmos aqui, absolutamente desprovidos de corpo e de
asas? Talvez juntos seja possível conseguir. Talvez se nos mantivermos juntos,
a manhã chegue e seja possível descansar sem medo. Se tudo no mundo está em
permanente movimento, vou segurar tudo na ponta dos dedos enquanto danço. Vou segurar-te
inteiro nos braços enquanto canto. Vou segurar-me inteiro na desordem enquanto
respiro. E se as nossas asas se encontrarem, no mesmo lugar do tempo, vamos reconhecer
os sinais, saber os passos do caminho e vamos poder avançar, sem ter medo, sem
estarmos tão sós, a caber um mundo inteiro dentro do nosso abraço.
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