Cheira a flores e a corpos
mortos. As pedras no chão sem tempo revelam os seus sinais de um cansaço
profundo. Há restos de fé em todos os cantos, em cada fragmento de cada
objecto. Bancos envelhecidos na madeira do tempo evocam angústias e culpas sem
nome, sem rosto, sem saudade. Milhares de almas aqui gritaram em sofrimento e
na demanda eterna da possibilidade da salvação. Aqui, a ideia de salvação pela
fé ocupa todo o peso dos odores insuportáveis. O meu corpo morre na certeza de
que aqui não há salvação. Aqui, neste lugar escurecido pelo medo, as vozes
entoam preces desacreditadas e desanimadas. Morremos mais cedo aqui. Cheira a
flores e a mortos.
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