17/07/2015

igReja


Cheira a flores e a corpos mortos. As pedras no chão sem tempo revelam os seus sinais de um cansaço profundo. Há restos de fé em todos os cantos, em cada fragmento de cada objecto. Bancos envelhecidos na madeira do tempo evocam angústias e culpas sem nome, sem rosto, sem saudade. Milhares de almas aqui gritaram em sofrimento e na demanda eterna da possibilidade da salvação. Aqui, a ideia de salvação pela fé ocupa todo o peso dos odores insuportáveis. O meu corpo morre na certeza de que aqui não há salvação. Aqui, neste lugar escurecido pelo medo, as vozes entoam preces desacreditadas e desanimadas. Morremos mais cedo aqui. Cheira a flores e a mortos.

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