Um movimento incessante de
passos. Portas que se abrem e se encerram sobre si mesmas vezes e vezes sem
conta. Passos que não terminam de calcorrear a madeira deste chão cansado. Gritos
velados dentro da pele nauseabunda e o corpo a ceder ao descontrolo. Passos que
se prendem nos movimentos feridos e encarceram em definitivo a possibilidade de
fuga. A certeza da inevitabilidade da queda a devastar a intenção de uma
qualquer possível cena passível de ser outra coisa que não isto que acontece
aqui. Os passos a invadirem o silêncio e a queimar os poros da pele dos dedos
desfeitos na tinta. Tudo o que acontece aqui, agora, acontece porque os passos não são
apenas passos mas são partes pisadas de uma qualquer outra coisa que não teve
tempo de aprender a fugir a tempo.
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