Há um fino fio
de amargura de cada vez que fecho a porta e uma parte de mim permanece em
suspenso. Fecho os olhos para saber a culpa e o frio regressa à pele, fero e
libidinoso. Mergulho na sedução da noite vazia iludindo o corpo numa possível entrega
que mais não é do que a queda de um anjo ensaiada na vertigem de uma mentira
selada. Há uma ténue angústia marcada pela ausência de qualquer certeza. Não saber
nada é saber tudo no sentido inverso. É estar sem poder ficar. Partir sem saber
avançar. Esquecer sem conseguir lembrar. De cada vez que me ausento, de cada
vez que fecho a porta, há uma mágoa que parece não poder terminar e que me
deixa suspenso em névoa. Fecho os olhos e quedo na culpa incerta de ser apenas
minha.
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