podia começar a história que te queria contar, pelas letras que se cumprem na palavra em que te guardo.
escolho começar exactamente no lugar em que te confirmo. no lugar onde agora descanso o sentido. na margem certa do rio.
podia dizer-te que debaixo desta luz,
morna e terna,
consigo ver tudo melhor. aqui, neste lugar onde tu eras só tu e mais ninguém tinhas que ser, e eu era só eu mas era, ainda, a possibilidade do lugar onde o rio poderia repousar.
morna e terna,
consigo ver tudo melhor. aqui, neste lugar onde tu eras só tu e mais ninguém tinhas que ser, e eu era só eu mas era, ainda, a possibilidade do lugar onde o rio poderia repousar.
se for um lugar de encontro o que eu verdadeiramente procuro, porque é que não consigo parar de caminhar?
pode o encontro encontrar-se no caminho daquele que não cessa de caminhar?
pode o caminho levar ao encontro mesmo se o encontro se desencontrar no caminho?
posso pedir que o caminho possa mudar e que o cansaço possa não vencer a guerra que acontece em mim de cada vez que o fogo me faz recuar, mas a verdade é que o caminho não cessa de ser caminho e a demanda não cessa de ser o caminho em si.
podia começar a história do que acontece em mim, deitando-me sob a luz de tuas mãos, mas aqui, nesse preciso lugar, reside a certeza de que
se me tocares me desfaço em cinzas
e
se me segurares me emolo até desaparecer
e só restaria a possibilidade eterna que permanece imóvel na linha ténue que divide a verdade, do lugar que reservei ao inferno que habito.
se o verdadeiro significado reside no aprender a tocar os limites mais profundos da vida vivida, onde fica a possibilidade do encontro do lugar certo para o encontro se o encontro é, na verdade, tudo o que acontece em mim enquanto navego os limites das arestas do caminho de minha vida sem nunca tocar o fogo que arde nas margens do rio que desagua nas tuas mãos abertas.
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