18/05/2020

Teu corpo desfeito,
preso na madeira velha
sob as ondas do mar triste
que te leva na vida o último fôlego.

Teu olhar
terno e decidido,
entrega-se sem se render
e rende-se sem se entregar.

Nas arestas de Teus lábios
permanece a certeza da constância,
a constância da certeza,
o limite do amor.

Tuas mãos rodeiam as estrelas,
seguram o tempo no espaço aberto
tocam a pele do sangue
num gesto eterno de perdão.

Teu corpo
o testemunho
Tu'alma
a confirmação.

Nasce de tua dor,
paz e luz e
de teu olhar,
caminho e sentido.

Fazes-te o mar inteiro
no momento do abandono.
E regressas,
no mistério da alvorada,
com o suspiro da vida inteira por dentro.

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