14/08/2017

siLênCio

Seguro nos dedos o silêncio.
Lá fora, tudo permanece num movimento incessante.
Ouço tudo  que acontece fora de mim. Tudo o que permanece fora de mim.
Fecho as mãos sobre os dedos.
Silêncio.
Abro os olhos para me saber vivo. Seguro-me, imutável.
Inalo o ar pesado da tarde ardida em labaredas que não cessam nunca. Limpo as cinzas do cabelo e desfaço-me por dentro.
Seguro o  silêncio na ponta dos lábios. Não digo o que sinto. Não me sinto no que fica por dizer.
Há granito nas minhas mãos queimadas. Granito que se desfaz em cinza de cada vez que me ouço por dentro.
Sento-me na distância de mim e abro as mãos.
Fecho os olhos.
Silêncio.

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