A dor permanece a ocupar o corpo como se não houvesse
alternativa.
Sentes que a vida vai, lentamente, saindo de dentro de ti e
te vai abandonando.
A dor é tudo o que sentes quando tudo o resto desaparece de
ti.
O silêncio em redor deste quarto é a tua possibilidade para
ouvires o que faltava.
Ouve.
Falta pouco agora.
Entoas uma prece, breve, só no movimento dos lábios e
acaricias, com gestos de poesia, o ar que te circunda e abraça no frio do cair
da madrugada.
Não temes nada. Olhas-te de frente e não tens medo.
Atravessas a imensidão da dor para te encontrares no lugar
certo, no momento certo, no momento em que dás as mãos ao que falta e te ouves
a partir.
E sorris, no silêncio de um breve e terno movimento dos teus
lábios.
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