15/06/2015

voo


Pára, por favor. Não precisas sair já. Aguarda um momento. Nunca te esqueças que somos muito mais do que isto. Por favor, pára. Não te movas. Não respires. Evita os lugares vazios. Esquece o que não foi. Segura este momento nas tuas mãos cheias. Toca-me. Por favor, fica. Talvez seja apenas este o tempo que resta. Sei pouco sobre isto. Sei pouco sobre a certeza de que há medo aqui. Há restos de tantas coisas, de tantos momentos. Desde há muitos anos que paro de respirar quando me olhas. Cesso de existir para te ser inteiro. Suspendo qualquer movimento a aguardar teu caminho. Mergulho dentro da tua pele de cada vez que me sorris. Sou inteiro dentro da razão de ti. O lugar onde eu acabo é no lugar de ti. O que faço é no sentido de chegar até ti, por mais longo e sinuoso que o caminho pareça ser. Não há palavras que me possas dizer que eu possa não ouvir e preciso de te ouvir para ter a certeza de estar aqui. Tens a minha alma nas tuas mãos e as tuas mãos estão neste momento, aqui, agora. Segura-me. Espera. Não partas de novo. Fica.  Por favor, pára.

Tenho as asas partidas e agora já não posso mais voar atrás de ti.

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