Enlaço as cordas nos dedos, nas
mãos, nos braços. Aperto. Com força. A pele altera o tom e os dedos gritam enquanto
procuram tua pele. Aperto. Sinto o suor a escorrer-me nas costas enquanto
imagino teu corpo a completar o meu. Aperto. As cordas a saberem a sangue. Os dedos
a saberem a suor. A tua pele a saber-me, inteiro, despejado em ti. Vazio.
Cansado. Quase a desaparecer, quase a não chegar ao lugar certo. Enlaço as cordas nos
teus dedos enquanto retomo consciência da dor em mim. O corpo a latejar, a
pele a arder, o sangue parado num pensamento suspenso na agonia. Respiro enquanto
aperto as cordas em ti. Junto aos dedos. Junto aos braços. No pescoço. Perdoa-me.
Estamos quase a desaparecer. Aperto. Sinto a minha pele a desfazer-se na tua
enquanto me seguras nos pulsos e olhas em frente. Aperto. Sinto o sangue a
latejar. Aperto. Com mais força. Até perderes a cor.
Até desaparecermos
completamente.
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