Estamos a chegar ao mesmo sítio
de sempre. Andamos, andamos e regressamos sempre ao mesmo local. Aniquilamos sempre
as mesmas memórias. Vazamos sempre as mesmas veias. Agarramos sempre a mesma distância.
Sofremos sempre o mesmo desamor. Não importa continuar a tentar.
Pinto as tábuas no chão para saber
o caminho. Se caminhar sobre a solidão da noite, talvez já não me perca, talvez
já não me iluda. Talvez consiga ver os meus passos a vazar o caminho. Sem sentido.
Sem significado. Uma harmoniosa desarmonia da alma no tropeçar do caminho.
Avanço, com a certeza de quem não
sabe para onde ir, a temer a queda. A saber, como só quem já desapareceu sabe,
que há pouco onde chegar. Não há mistérios que não terminem. Não há luares que
não se repitam. Não há dores que cheguem, de facto, ao fim.
Pinto as paredes para reconhecer
o lugar onde o embate termina. A parede que cai sobre as minhas asas é a mesma
que te escondeu em si. Destroços sobre a tragédia da incapacidade que reside em
nós, interminavelmente.
Rasgo as unhas nas tábuas e esculpo
as mãos no chão. Para que a noite me conduza no caminho vazo de mim e me
encontres, no final da mágoa, como uma harmoniosa tragédia caída sobre a ilusão
das memórias rasgadas sobre uma alma exausta de ser, em si mesma, absolutamente
nada.
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