São pequenas gotas de suor a segurar a pele.
São pequenas gotas de sangue a segurar as lágrimas. Rasgo a pele no sal da
areia e queimo o que resta da minha sanidade no que fica do teu odor. Sabemos a
mar e a maresia quando o sol se põe. Sabemos a sal e a chamas quando a noite
começa. Danço, inebriado, nas ondas e afogo-me na imensidão do tempo. Levo-te
comigo. De cada vez que morro, levo-te comigo. Arrastas-me na solidão do
inverno e perdes-me de cada vez que chego ao mar. Recordas meu nome como se
fosses cego e tacteias o fim do meu corpo dentro de ti. Chega. Não suporto o
teu respirar sobre a minha partida. Deixa-me. Abandona-me. A tua voz invade o
meu silêncio, sem piedade, sem pudor. Não te suporto mais. São gotas de suor a
percorrer-me a pele enquanto me desfaço. São sangue as palavras que já te não
digo. São chamas as memórias que me castigam os dias. Sou eu despido, no sangue
da areia, a desaparecer no vazar das marés na certeza de que já não vais estar
mais aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário