De novo, são as
palavras que me deixam. Voltaram por breves momentos e agora iniciam o seu
regresso ao lugar em que as, repetidamente, volto a enterrar.
O calor devasta
o que resta da terra. Pouco vai ficar aqui depois do vento deste tempo passar. A terra a
arder na pele do tempo e tudo se imola em si mesmo num gesto triste de desespero.
Segura-me a pele
enquanto eu termino de desaparecer. Enterra os teus dedos nas feridas da minha
carne aberta ao sol e permite que eu seja um pouco menos do que era suposto. Vou
esconder o grito, vou tolerar a dor, vou arder com o resto das cinzas.
Há um peso que
não termina de me puxar de encontro a gravidade e estou certo de que a terra me
vai consumir em breve. Não há nenhum vento que me leve daqui, não há sinais de
que o calor possa esvair-se nas palavras e sinto não haver mais salvação possivel.
Regresso ao
lugar em que me enterro e vou ficar sem palavras enquanto o fogo me devasta a alma.
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