21/06/2015

fOgo

De novo, são as palavras que me deixam. Voltaram por breves momentos e agora iniciam o seu regresso ao lugar em que as, repetidamente, volto a enterrar.
O calor devasta o que resta da terra. Pouco vai ficar aqui depois do vento  deste tempo passar. A terra a arder na pele do tempo e tudo se imola em si mesmo num gesto triste de desespero.
Segura-me a pele enquanto eu termino de desaparecer. Enterra os teus dedos nas feridas da minha carne aberta ao sol e permite que eu seja um pouco menos do que era suposto. Vou esconder o grito, vou tolerar a dor, vou arder com o resto das cinzas.
Há um peso que não termina de me puxar de encontro a gravidade e estou certo de que a terra me vai consumir em breve. Não há nenhum vento que me leve daqui, não há sinais de que o calor possa esvair-se nas palavras e sinto não haver mais salvação possivel.
Regresso ao lugar em que me enterro e vou ficar sem palavras enquanto o fogo me devasta a alma.

Sem comentários:

Enviar um comentário