31/07/2010

muralha

É nas noites sem par, por entre as muralhas de um castelo adormecido à meia luz do fogo, que encontras a tua voz. De frente, o mar a lembrar-te de que a solidão é um lugar eterno por onde nos passeamos vezes sem conta.
Podias ter tentado perder-te por entre as escadas que rodeiam as muralhas. Mas não.
O céu estava condensado, a suster um suspiro que se encontra na razão de se ser, simplesmente, assim.
Encontraste a tua voz no lugar da terra, na proa da traineira, na insistência do nevoeiro. Encontraste-te na música, nas gentes, na razão de uma qualquer existência.
Quiseste dizer, a quem não te vê nunca, que és o tudo que pode ser por entre as muralhas de um castelo. E isso, podendo ser o lugar mais inteiro da tua distância, pode ser o lugar mais perfeito da possibilidade da tua entrega.
E foi quando a noite caiu sobre a música e eu te ouvi nas palavras que eram minhas, e que encontraste a possibilidade de sair do caminho que há tanto atravessas só.

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