21/07/2010

Conta-me nos passos, conta-me nas pedras da calçada. Soma um mais um e descobre o que podes subtrair. Conta-me nos dedos, multiplica-me. Retira o que estiver a mais depois da divisão por dois. Não escondas nenhuma parte. Deixa tudo no sítio certo. Sou o lugar reservado ao silêncio mais cruel. Estou exausto. Sou a marca das unhas de sal na tua pele macerada pela areia. Sou o deserto aberto ao sol. O absoluto da solidão em estado puro. O lugar onde não sei terminar as coisas por começar. Sou o expoente máximo da insanidade e não tenho medo de cair. Sou o limiar do tempo, o limiar da dor, o contorno da distância do resto do mundo.
Conta-me uma história para eu adormecer. Depois podes ir embora. Depois podes não voltar. Mas agora fecha-me os olhos e deixa-me desaparecer na tua voz.

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