22/06/2010

sem título

Poucas vezes te li, demoradamente, na página infinita, como dizias. Fui-me demorando, debruçado sobre os chinchos abertos de uma vindima que ia vazando com a maré. Mirei-te na distância da tua inquieta questão, hirta e dourada pelo sol de Agosto, de saber se no fundo do mar há o longe ou apenas o mar e o seu fundo. Admiro-te pela verticalidade caminhante, sempre alinhada com a consciência de ser, de ouvidos tanto moucos como atentos às golfadas mirradas da bílis dos adiados cadáveres. Não faço reverência. Não me ajoelho. Aceno-te no sinal que me dás com a lucerna que ofusca a escuridão da ignorância. E ainda me demorarei mais um pouco, junto às vindimas, aos chinchos abertos a jorrarem a seiva da vida.

1 comentário:

  1. ;-)
    se hoje pudesse dizer as coisas que não sei dizer sei que diria que aqui voltas de forma ainda mais bela e sublime**

    ResponderEliminar