29/05/2022

São flores de jacarandá que me cobrem os pés descalços sobre a pedra negra das entranhas da ilha.

São gotas de chuva feita de mar que me cobrem a pele e o cabelo solto no vento que me grita poemas queimados.

Respiro fundo para travar as palavras todas que me invadem no lugar mais fundo das coisas que se não podem dizer.

Fecho os olhos sobre o cinzento que pinta o céu e aniquila a vontade de estar. Aqui ou acolá.  Antes ou depois. Agora ou nunca.

Sinto o corpo a ferver por dentro e a pele a chamar por ti.

Espero uns segundos antes de abrir os olhos e de deixar cair as pétalas lilases de que são feitas as lágrimas na maré vazia que só se encontra no silêncio das palavras perdidas. 

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