04/05/2022

vou mudando coisas de lugar. mudando os lugares das coisas. 

não sei bem se procuro o lugar certo ou se é somente a necessidade de mudar. deixar o que foi. partir para o que é. pensar no que pode vir a ser. 

caminho, lento, sobre o deserto do meu interior, até sentir que me abandonei. podemos começar de novo de cada vez que nos abandonamos. quando nos perdemos nas lâminas do nosso próprio abandono, talvez sejamos forçados a arriscar escolher um caminho. qualquer direcção. talvez para nos perdermos ainda mais. talvez para nos procurarmos. talvez somente porque precisamos de continuar o movimento. talvez porque não esperamos nada. talvez porque não queremos ou porque queremos demais. 

depois de sentir o deserto a desfazer-me por dentro dos dedos do vento do norte, corro selvaticamente pelas planícies douradas à procura de flores frescas onde possa deixar cair a pele dos pés. 

depois volto a mudar as coisas de lugar. ponho as flores no deserto e a areia planto-a ao vento das planícies. 

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