27/08/2019

tHunder

sabes bem que não há como regressar.
troveja sobre a ponte. é como se o céu se rasgasse em agonia. 
raios de luz que rasgam a noite como se fosse a carne do corpo, como se fosse o reflexo de tu' alma, como se fosse o lugar que se reserva ao que já não é. 
anuncia-se uma tempestade aqui enquanto mundo inteiro arde. 
será que o que vai sobrar de aqui é apenas sangue e cinzas?
apenas aço e carvão?
apenas lágrimas em rasgos impossíveis de luz que desfazem o negrume desta noite quente?
sabes bem que já não há como regressar ao que já não é. 
partimos em busca do mundo olvidando a tempestade que estava a crescer no interior de nós.
seguimos em busca de um sentido sem assegurar se sabíamos exactamente onde nos encontrávamos. 
emanámos da lama em perfeito desnorte sempre na demanda de um norte que se desvelasse no caminho que nos arriscámos a tactear.
perdoa-me. 
estou a arder com o resto do mundo. 
será que vai sobrar apenas cinzas do que restava da luz que havia em mim?
sabes bem que não há como regressar.

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