21/08/2019

percorro os corredores que parecem nao poder terminar. paredes brancas. o chão frio de pedra branca. portas que se abrem mas não revelam nenhum destino. janelas fechadas no ar que se pesa nas sombras. paredes brancas a tocar no chão frio. portas fechadas que não sabem o lugar que guardam. como se nunca tivessem sabido o lugar que guardam. faz frio por dentro destas paredes mas é o corpo que gela. as sombras arrefecem o caminho por entre o que chega e o  que desaparece. faz frio aqui enquanto o suor escorre nas palmas das mãos brancas. vultos parecem passar por entre os espaços que nao findam e que se fundem nas memórias das coisas idas e das pontes submersas. faz frio enquanto a febre ensandece o corpo e tudo parece ter um outro sentido que estas portas já não revelam. guarda-se o tempo por entre as sombras pacificadoras que escondem a dor de quem aqui se entregou. faz frio enquanto arde uma lareira e o fogo transforma as sombras em cinzas e em segredos.

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