23/11/2015

chEmin


Vejo-te atravessar a recta que te define no sentido descendente. Há um rasgo de agonia que te preenche os passos erguidos das cinzas. Falas para ouvires o som da tua própria voz e sentes as palavras a desvanecerem no sentido que desaparece de encontro ao silêncio que chega com o fim da noite. Sentes as vísceras a queimar-te nas cinzas abertas do corpo enquanto olhas o nascer do dia a erguer-se de dentro da tua pele. Fechas os olhos na ilusão de poderes desaparecer mas logo a dor te recorda como o teu corpo ainda aqui está a tentar renascer das cinzas do incêndio repetido que acontece em ti quando consegues medir o tamanho imenso do deserto que te ocupa no interior do caminho.

 

E não desistes, nunca, de continuar a andar.

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