09/11/2015

memÓria


Recordo-te no odor das urzes na montanha. Sinto o teu corpo no toque da rocha. Ouço o vento pronunciar – baixinho – o nome que te define. Percorro-te nas linhas da tua face com os dedos a tocar na água do rio. Corre sobre mim a névoa das tuas manhãs e o sossego da noite que só acontece em ti. Recordo-te em todos os momentos do dia embora nunca te encontre. Calcorreio os contornos dos teus passos e conduzo-me – em silêncio – até junto do lugar que foi em ti. Guardo-te nos gestos – devagarinho – como se te tocasse ao de leve e entoo o silêncio que habita em ti. Seguro-me nos gritos – suavemente – e sossego os meus medos na memória de ti. E ser assim, o que resta de ti em mim, é só o que é necessário para chegar até amanhã.

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