Recordo-te no odor das urzes na
montanha. Sinto o teu corpo no toque da rocha. Ouço o vento pronunciar – baixinho – o nome que te define. Percorro-te
nas linhas da tua face com os dedos a tocar na água do rio. Corre sobre mim a
névoa das tuas manhãs e o sossego da noite que só acontece em ti. Recordo-te em
todos os momentos do dia embora nunca te encontre. Calcorreio os contornos dos
teus passos e conduzo-me – em silêncio
– até junto do lugar que foi em ti. Guardo-te nos gestos – devagarinho – como se te tocasse ao de leve e entoo o silêncio que
habita em ti. Seguro-me nos gritos – suavemente
– e sossego os meus medos na memória de ti. E ser assim, o que resta de ti em
mim, é só o que é necessário para chegar até amanhã.
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