19/08/2015

cannis


Abandonado numa casa vazia. Encontras restos do que era antes por cada canto perdido na sujidade do tempo. Procuras que o silêncio resvale enquanto choras mas, na verdade, continua lá toda a imensidão que vem com as coisas que estão vazas de vida.

Anseias o momento em que te abrem a porta e te aliviam a infinitude da tristeza. Tocas, ao de leve, as mãos que te chamam e logo te remetes à certeza de que não há outro lugar onde possas ter lugar. Abandonas-te no abandono que caiu sobre tua pele e quase que esqueces o motivo que te mantém vivo.

Olhas com o olhar de quem teme o que pode vir das mãos que te não seguram e recuas. Recuas na imensidão da insalubridade que te rodeia. E remetes-te à espera. À espera daqueles que te abandonaram porque sabes que, um dia, regressam para ti.

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