permaneço parado
nas sombras do inverno.
seguras-me com um dedo
para,
quase de imediato,
me afastares com as duas mãos abertas.
chegas aqui
no gesto lânguido das palavras mortas
para logo não estares
nem aqui nem em lugar nenhum em que eu possa ficar parado.
o inverno é isto.
pedires-me para me mover
mas se ousar um passo,
um passo que seja,
nada encontro para além do abismo de frente ao vazio.
volto atrás.
vou recuar até me cruzar com os ventos áridos
avançar na direcção oposta
ao lugar que o inverno reserva para ti.
estou a arder por dentro.
vou consumir o pouco
o que resta
antes do primeiro grito da primavera.
Sem comentários:
Enviar um comentário