04/03/2023

sEntIdo

permaneço parado

nas sombras do inverno. 


seguras-me com um dedo 

para,

quase de imediato, 

me afastares com as duas mãos abertas. 


chegas aqui

no gesto lânguido das palavras mortas

para logo não estares 

nem aqui nem em lugar nenhum em que eu possa ficar parado. 


o inverno é isto.

pedires-me para me mover

mas se ousar um passo, 

um passo que seja,

nada encontro para além do abismo de frente ao vazio. 


volto atrás. 

vou recuar até me cruzar com os ventos áridos

avançar na direcção oposta

ao lugar que o inverno reserva para ti. 


estou a arder por dentro.

vou consumir o pouco 

o que resta 

antes do primeiro grito da primavera.  

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