28/06/2022

Seguro

nas mãos

o teu ar

para poder respirar.


Abuso 

sem pudor

de teu corpo

para poder viver.


Repito

os sons

de tua voz

para chegar ao silêncio. 


Seguro 

a evidência 

de tua permanente fuga

para encontrar o caminho.


Ignoro

o lugar 

de teu caminho

para iludir o meu.


Minto

para poder dizer a verdade.


Iludo-te

para me enganar

enquanto me iludo

que te engano.


Abuso 

da tua existência 

para 

reconhecer a minha.


Fico

até que parta.

Parto

assim que o digas. 


Excedo-me

para fazer de conta

porque és 

perfeição 

em forma de desculpa

para me manter 

na minha fina linha 

da ilusão 

do que me segura 

à tona de água.


Perdoa.


Sem comentários:

Enviar um comentário