03/07/2022

Tenho o corpo solenemente cansado mas é a vigilia que me comanda.

Queria poder fechar os olhos nos intervalos do tempo e permitir ao lugar do corpo voltar a ser lugar da vida, mas há grades negras de sonhos putridos que me calcam o tempo e me devolvem ao acordar.

Meu leito é de ferro e não amansa, nunca.

Meu corpo é de restos e assim não retoma a ser inteiro, nunca.

Minha noite tem os intervalos de mim, entre o sonho e o nada, sempre a tornar-me mais lento, mais fechado, com maiores intervalos entre o que sou e o que não sou.

É a vigilia que me comanda no segredo do silêncio da noite cansada.

Sem comentários:

Enviar um comentário