27/01/2020

.

toco no final de cada palavra que te não ouvi dizeres.
sinto, 
na ponta de meus dedos, 
a letra escrita a tinta negra por dentro da memória que guardo do que não chegou a ser dito.
construo,
por dentro dos meus olhos cerrados, 
a  história que não chegaste a contar.

sinto saudades da praia que corre por dentro da tristeza do inverno,
do abraço da areia nos pés enregelados enquanto a pele corre mais lenta que o vento que navega o voo das gaivotas cansadas.
sinto a tristeza inteira a desfazer-se em pó das estrelas que quedaram,
sem nenhum nome,
na noite do firmamento.


toco-te no final de cada palavra que te não disse.
sopro, 
na tristeza da tinta que me escorre dos olhos, 
o vento que te leva nas asas das gaivotas,
de volta até ao mar cansado do inverno. 

Sem comentários:

Enviar um comentário