chove na areia e chove dentro de mim.
o mar serena na brisa fria que acaricia o começo do outono.
arrisco a olhar para trás, para o passado, para tentar perceber o agora em que me vejo
consigo sentir o odor que emana do húmus que cobre tudo o que enterrei na terra húmida.
serenamente imagino-me a caminhar sobre o lodo, sobre as folhas caídas.
terei eu chegado antes do outono?
terei eu caído antes do prenúncio da folhagem dos freixos e das acácias?
passa um gaivota a rasgar o ar a anunciar a retirada breve do sol.
sinto a espuma de sal que chega até à nudez de meus pés e respiro tão fundo quanto me é possível.
a chuva queda mansa, abraçando-me no infortúnio que reside dentro da minha alma .
olho de frente a linha que me separa do que foi e questiono onde irei a seguir.
chove dentro de mim.
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