Perdoa meu embaraço. As palavras
confundem-se dentro das vozes e as vozes confundem-se dentro dos olhos e os
olhos dentro das mãos e as mãos dentro da distância e a distância dentro de
mim. Perdoa minha angústia. Sou o que fica quando tudo termina, os restos da
pele sobre a terra molhada, as sombras das folhas que o tempo fez cair, a
penumbra dos lugares onde a luz nunca poderia ter chegado. Perdoa meu
desespero. O facto de respirar apenas porque o corpo continua a seguir, continua
a continuar a não parar a não ceder a não serenar. Perdoa a minha certeza. A de
que vou chegar ao ponto em que existir sem viver não pode mais continuar a ser
o lugar que me cabe. Perdoa quando eu partir.
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