18/07/2017

antÍtese

Não tenho que fazer nada. Não tenho de me mover. Lá fora tudo acontece, tudo está em movimento e eu aqui parado. Cessei no tempo que não passa. Tudo em torno de mim se move excepto eu mesmo. Estou, talvez, na antítese do lugar que havia construído antes de chegar aqui. Tracei as linhas certas do caminho certo mas acabei aqui, neste qualquer outro lugar que me é profundamente estranho e onde não me sinto. Tacteio a pele dos pés sobre o vento frio do norte para me saber vivo. Olho a noite que abraça o céu e revejo-me no reflexo deste tempo que me olha sem me ver. Penso no espaço que vai deste lugar até ao centro do universo, até ao lugar onde se termina de respirar e perco-me nas barreiras da angústia. Tudo acontece fora de mim enquanto eu respiro na incerteza de que o ar exista, na inválida insegurança de que pode chegar o dia em que eu possa, por fim, quedar-me deste lugar e encontrar o centro da noite. 

Sem comentários:

Enviar um comentário