Creio que estou a chegar ao final
da minha capacidade de te esperar. Queria ter podido esperar mais tempo. Queria
ter podido ser melhor mas só consigo ser melhor quando estás e tu não estás
aqui. Procurei-te na cidade pela noite dentro a ansiar a tua voz. Perdi-te no
começo de cada rua, no virar de cada esquina, no passar de cada fracção de
tempo. Perdi-te irremediavelmente da primeira vez que te toquei. Perdi-me
indefinidamente da primeira vez que me olhaste. Morri na certeza de que existir
era apenas em ti e por isso sou hoje o limbo do que existe aquém do que existe
em ti. Queria ter podido ser melhor. Prometi que iria sempre ser melhor e não
cheguei até ti. Estou a vaguear na aresta da minha capacidade e temo que não
tenha mais por onde andar. Espero-te, em vão, desde que comecei
a amar-te e espero-te ainda e depois e antes e sempre. Mas creio que não terei
mais possibilidade de continuar. Sabes, agora que tudo em mim parece querer
desaparecer, deixo de novo de ser o suficiente para te chegar. Compreendo tudo
o que acontece em ti e abandono tudo o que acontece em mim na esperança eterna
de que um dia possas voltar a cruzar-te comigo no começo de uma qualquer rua
numa qualquer noite em que minha alma não seja apenas uma sombra de mim.
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