23/04/2015

a noite demora.
talvez seja quase manhã lá fora mas aqui,
 neste lugar reservado às coisas que se aguardam,
a noite é lenta e demora-se na pele,
demora-se nos olhos,
demora-se na incerteza do tempo.
 
talvez seja ainda noite lá fora mas aqui,
neste lugar reservado às almas que se perdem do tempo,
o dia teima em circular no sentido oposto e em desaparecer
por entre o nevoeiro que queda sobre as madrugadas mais frias do começo
da primavera.  
 
a ânsia cresce por dentro.
o tempo afunila-se nas imagens do que se espera que chegue a chegar,
sem que chegue,
e a alma demora-se na languidez da possibilidade de,
 dentro em pouco,
poder vir a ser manhã.
 

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